ratatouille

Toda última sexta-feira do mês virou o dia oficial da sessão cinema & gastronomia. Hoje, a dois dias do Oscar, resolvi escolher meu filme preferido com esse tema: Ratatouille. Ele ganhou o Oscar de melhor filme de animação em 2008 e concorreu a outros 4: trilha sonora, som, edição de som e roteiro original. Já que é época de festa, temos um grande convidado (que, felizmente, é um grande amigo também) para escrever esse post: Adriano Ferreira, que tem um blog excelente com críticas de filme. Vamos lá?

“Qualquer um pode cozinhar.” Pode-se dizer que esta é a ideia principal de Ratatouille. Atrelada a ela, vem uma série de temas comuns (e mais amplos) aos filmes da Pixar, principalmente a superação das adversidades.

E que adversidades o pequeno Remy precisa enfrentar! Ele é um rato que gosta de cozinhar. Um rato fofo, sim, com olhinhos adoráveis. Mas não deixa de ser um rato, companheiro das baratas na categoria coisas-que-um-dono-de-restaurante-não-quer-encontrar-na-cozinha. Em uma cena no início do filme, uma família de ratos desaba do teto na sala de uma velhinha; até eu fiquei com nojo.

Mas voltemos a Remy e à ideia principal do filme: qualquer um pode cozinhar. E Remy cozinha daquele jeito incrível que eu imagino os grandes chefs cozinhando: com inspiração e improviso. De onde vem essa inspiração? Não sei.  É parecido com a forma que eu imagino um escritor criando seu texto. Ele está lá, tranquilo, e de repente BUM!, surge a inspiração magnífica. E algo novo é criado.

Eu não entendo muito de culinária, mas adoro comer. Pra mim, é um dos grandes prazeres da vida (e pra maioria das pessoas de bom senso, imagino). Consigo apreciar tanto um prato fino e elegante, daqueles servidos na quantidade exata, quanto um bom pastel ou um hamburgão delicioso. E essa é uma das sabedorias de Ratatouille: mostrar que um bom prato pode ser algo chique, mas também algo aparentemente simples como um bom arroz, feijão e carne. Ou um ratatouille (“comida de camponeses!”, diz um personagem). Pedantes da culinária são seres muito chatos.

O auge do filme – e aqui eu espero que você tenha visto Ratatouille – é quando o crítico mais temido da cidade, Anton Ego, vai ao restaurante de Remy e Linguini (o herói humano da história) e aguarda para ser servido, as presas afiadas para destruir o restaurant Gusteau’s. Num lampejo de genialidade, Remy decide servir Ratatouille ao crítico. Numa sequência inesquecível (e, para mim, a melhor de toda a história da Pixar), Anton é levado de volta à infância ao provar o prato.  Por causa de uma refeição, um ser é desarmado totalmente. Me faz lembrar de uma viagem que fiz com meu pai há uns 10 anos. De carro para a Bahia, eu, ele, a mulher dele, a filha deles bem nova, talvez um ano de idade. Na volta para BH, paramos na cidade onde meu pai trabalhou por muitos anos antes de ir para a capital. Um restaurante mais do que simples, o dono era um conhecido do meu pai. Pedimos o básico: arroz, feijão tropeiro, linguiça, couve. E se alguém me perguntar: “Qual a melhor coisa que você já comeu?”, a primeira lembrança que me vem à mente é esse prato. Bem feito, bem temperado, incrível, incrível. E, enquanto escrevo esse texto, penso que provavelmente nunca mais viajarei com meu pai. E o prato torna-se ainda mais saboroso.

Ao fim do filme, Anton dá a sua versão da frase que move a história: Um bom chef pode estar em qualquer lugar. Oui! Do outro lado da tela de quem lê esse blog e faz as receitas de Guilherme Poulain. Ou numa cidadezinha minúscula no interior de Minas. Eu não tenho o dom, mas aprecio e agradeço a todos que o têm e que compartilham-no com o mundo.

Muito Ratatouille pra todos nós.

Ratatouille (Ratatouille), de Brad Bird

111 minutos :: Estados Unidos :: 2007 :: Disponível em DVD e Blu-Ray para venda e locação

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8 Respostas to “ratatouille”

  1. Lorena Borges Says:

    ADOREI a participação do Adriano e fiquei emocionada com o texto! Muito bom!

    =)

    Ps: agora bem que podia rolar uma receita de ratatouille, né senhor Guilherme? Rs!

  2. Anny Says:

    Adorei seu post. O filme é muito bom. Também adorei.
    Anny.

  3. ratatouille (a receita!) « Says:

    […] « ratatouille […]

  4. Effgen Says:

    Parabens aos dois. Muito bom. Tenho a mesma sensacao quando penso num arroz, feijao, bife e ovo frito preparados em Caraiva (BA) em 2008!

  5. Debby Says:

    Olá
    Estava procurando no google aquela frase que o Anton Ego diz justamente neste parte em que para mim é a melhor do filme. Quando achei o teu link
    Per fei to !

    É vou me demoarar por aqui e vê se acho a receita kkk e se tiver o azeite das moquecas aqui típicas da minhas Bahia.. estará supimpaa.
    Parabéns pelo blog
    Debby 🙂

  6. a garota ideal « Says:

    […] Acabei deixando-a de lado, mas teve gente que sentiu falta e comentou por aqui. Daquela época, o texto que ficou mais famoso não era meu, e sim de um amigo querido. E é esse amigo que retorna aqui pra […]

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